Por Adilson Carvalho

Chamada de “o animal mais belo do mundo ” pelo  poeta, cineasta e dramaturgo francês Jean Cocteau, Ava Lavinia Gardner (1922/1990) é uma das 50 maiores atrizes do cinema hollywoodiano de acordo com o AFI (American Film Institute). Sua beleza e talento foram imortalizados em diversos filmes. Nascida em 24 de dezembro de 1922, em Grabtown, Carolina do Norte, era a caçula de sete filhos. Seus pais eram meeiros pobres que cultivavam tabaco. Ela tinha ascendência inglesa e escocesa-irlandesa, tendo sido criada na religião batista de sua mãe. Quando as crianças ainda eram pequenas, a família perdeu sua propriedade, e a mãe de Gardner recebeu uma oferta para trabalhar como cozinheira e governanta em um dormitório para professores da Brogden School, nas proximidades, que incluía alimentação para a família e onde o pai de Gardner continuou a cultivar tabaco e complementou o trabalho cada vez menor com biscates em serrarias. Em 1931, a escola de professores fechou, forçando a família a finalmente desistir de seus sonhos de propriedade e se mudar para Newport News, Virgínia, onde a mãe de Gardner encontrou trabalho gerenciando uma pensão para os muitos trabalhadores de navios da cidade. Após a morte de seu pai, a famíla se mudou para Rock Ridge, perto de Wilson, Carolina do Norte, onde a mãe de Gardner administrava outra pensão para professores. Gardner cursou o ensino médio em Rock Ridge e se formou em 1939. Em seguida, frequentou aulas de secretariado na Atlantic Christian College, em Wilson, por cerca de um ano. Entre 1942 e 1943 foi casada com Mickey Rooney, uma relação instavel com um marido mulherengo que términou em divórcio. Com vários papéis não creditados em produções inexpressivas, Ava foi lançada ao estrelato em Os Assassinos (1946) ao lado de Burt Lancaster, filme noir baseado em um conto de Ernest Hemingway. Nessa época viveu outro casamento fracassado, desta vez com o músico Artie Shaw. Aparecendo em filmes em papéis pequenos, logo Ava conheceu aquele que se tornaria o grande amor de sua vida, o cantor e ator Frank Sinatra, uma relação tumultuada pelo assédio da imprensa e pelas constantes brigas do casal. Foi Ava, no entanto, quem conseguiu para Frank o papel do soldado DiMaggio em A Um Passo da Eternidade (1951), que lhe deu o Oscar de melhor ator coadjuvante e que reascendeu sua carreira. No conturbado período que se seguiu Ava veio a engravidar e abortar por duas vezes, abalando o casamento de ambos. Durante esse tempo a estrela vivei grandes papéis. 

Em 1951 gravou duas canções para a trilha sonora do musical O Barco das Ilusões, embora tenha sido dublada em varias outras canções.   O ano seguinte fez a adaptação de As Neves do Kilimanjaro (1952)? De Hemingway ao lado de Gregory Peck e Susan Hayward. Hemingway não gostou do filme porque achava que ele canibalizava o material de seus outros trabalhos para rechear a história. Ele disse à amiga Ava Gardner que as únicas coisas de que gostava no filme eram ela e a hiena. Foi relatado, mas não confirmado, que o diretor Henry King imitou a hiena na trilha sonora. Três de seus melhores papéis acabaram vindo um após o outro entre 1953 e 1955 : o de Eloise Kelly em Mogambo – com Clark Gable e Grace Kelly ; Rainha Guinevere em Os Cavaleiros da Távora Redonda – com Robert Taylor e Mel Ferrer e o de Maria Vargas no sensacional A Condessa Descalça – com Humphrey Bogart. Na história, o cineasta Harry Dawes (Humphrey Bogart) recebe uma segunda chance de estrelato quando ele descobre a camponesa Maria Vargas (Ava Gardner) dançando em uma boate em Madri, Espanha. Instigado por seu produtor, o financista Kirk Edwards (Warren Stevens), Harry a convence a fazer um teste e, em seguida estrelar em seu próximo filme. Mas quando a natureza possessiva de Edwards e as realidades do estrelato pesam sobre Maria, ela procura um amante genuíno com quem ela possa escapar, se apaixonando pelo conde Vincenzo Torlato-Favrini (Rossano Brazzi). O filme fascina em sua narrativa composta de flashbacks contraditórios contados pelas pessoas que cercam a protagonista, inspirada na figura de Rita Hayworth (1918/1987), que foi casada com o Príncipe Aly Khan. Maria Vargas é encarnada com uma sensualidade irresistível por Ava Gardner (1922/1990), no auge de sua beleza aos 32 anos.

Todos esses filmes foram muito bem sucedidos mas exploravam a estonteante beleza da atriz, com seus hipnóticos olhos verdes e sedutores  lábios carnudos. Chegou a ser indicada ao Oscar de melhor atriz por Mogambo, mas perdeu para Audrey Hepburn por A Princesa & O Plebeu. Seguiram se filmes como 55 Dias em Pequim (1963), Sete Dias em maio (1964), A Noite da Iguana“(1964) no qual interpretou Maxine Faulk sendo indicada ao BAFTA Award e ao Globo de Ouro. Além disso, Ava Gardner ganhou a Silver Shell de Melhor Atriz no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián em 1964 por sua atuação em A Noite da Iguana. Na fase final de sua carreira esteve em Terremoto (1974) e A Sentinela dos Malditos (1977), antes de fazer várias aparições na TV. Sua vida pessoal e amorosa foi extremamente atribulada. Gardner sofria de enfisema e de um distúrbio autoimune não identificado. Dois golpes em 1986 a deixaram parcialmente paralisada e acamada. Embora Gardner pudesse arcar com suas despesas médicas, Sinatra queria pagar por sua visita a um especialista nos Estados Unidos, e ela permitiu que ele fizesse os arranjos para um avião particular com pessoal médico. Sofreu uma queda forte uma semana antes de morrer e ficou deitada no chão, sozinha e incapaz de se mover, até a governanta voltar. Suas últimas palavras (para sua empregada) foram declaradamente “Estou tão cansada“. Ela morreu de pneumonia aos 67 anos, em sua casa em Londres, 34 Ennismore Gardens, onde vivia desde 1968 até sua morte em Londres, em 1990, aos 67 anos.