CENTENÁRIO DE BLAKE EDWARDS

Por Adilson Carvalho

Diretor, produtor e roteirista norte-americano, conhecido pela realização de diversas comédias de sucesso e premiado com um Oscar honorário em 2004 pelo conjunto de sua obra, além de outras honrarias, incluindo um Framboesa de ouro pelo polêmico “S.O.B” em 1982. Nascido William Blake Crump, ele equilibrou extremos opostos em sua carreira, sucessos e fracassos, risos e lágrimas, trabalhos na cinema e na TV, onde começou sua carreira ainda na segunda metade dos anos 50. Vamos conferir abaixo cinco dos melhores trabalhos desse criativo diretor que se fez famoso com o nome de Blake Edwards (1922 – 2010), e que faria 100 anos na data de hoje.

BONEQUINHA DE LUXO (Breakfast at Tiffany‘)

George Peppard (Paul Varjak), Audrey Hepburn (Holly Golightly) e o gato.

Para começar, meu favorito, um cult movie sempre presente na lista de melhores do cinemão hollywoodiano. Adaptado da peça de Truman Capote, que queria Marilyn Monroe no papel da jovem acompanhante de luxo que sonha em se casar com um homem rico, mas se apaixona por um escritor iniciante mas pobre. O destino deu o papel a Audrey Hepburn que injetou-lhe um misto de inocência e sofisticação, atípicos inclusive para o papel que representa com um toque de discrição. O filme foi recebido positivamente na época, e ganhou dois Oscar: melhor trilha sonora e melhor canção original por “Moon River“,que também foi selecionada como a quarta música mais memorável da história de Hollywood pelo American Film Institute em 2004. O filme também foi indicado para três outros prêmios na cerimônia: melhor atriz por Hepburn, melhor roteiro adaptado e melhor direção de arte. Em 2012, o filme foi considerado “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo” pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e selecionado para preservação no National Film Registry. A cena do beijo na chuva ao final é simplesmente irretocável ao som de Henry Mancini.

A PANTERA COR DE ROSA (The Pink Panther)

Peter Sellers como o Inspetor Closeau

Para quem sabe como a equação “Peter Sellers + Blake Edwards” era lucrativa e criativa fica difícil imaginar que ambos mantinham uma relação atribulada durante as filmagens. Em 1963, o atrapalhado inspetor Jacques Clouseau (Peter Sellers) tenta descobrir quem é o famoso ladrão que se intitula O Fantasma, e que poderia estar planejando roubar o famoso diamante pantera cor-de-rosa, de propriedade da princesa Dala (Claudia Cardinale). Nem desconfia, no entanto, que o Fantasma é Sir Charles Lytton (David Niven), amante de sua esposa Simone Closeau (Capuccini). O filme foi indicado a vários prêmios como o Oscar, BAFTA e Golden Globe, criou uma franquia que gerou mais 4 continuações dirigidas por Edwards e estreladas por Sellers, além de mais duas sequências póstumas (após a morte de Sellers, mas utilizando imagens de arquivo do ator). A trilha sonora de Henry Mancini é inesquecível.

UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO (The Party)

Peter Sellers na festa

Hrundi V. Bakshi (Peter Sellers) é um ator indiano todo atrapalhado, que destrói acidentalmente um grande estúdio de filmagem e é despedido por isso. Entretanto, ele acaba por ser convidado por engano para uma grande festa na casa do produtor, onde cria diversas confusões. Co-escrito, dirigido e produzido por Blake Edwards e com trilha sonora de Henry Mancini, o filme é uma divertida mise-en-scène demolidora em que nada está fora do alcance de uma boa piada, com um mínimo de diálogos e evocando a estética humorística do cinema mudo. Simplesmente hilário.

VICTOR OU VICTORIA (Victor/Victoria)

James Garner e Julie Andrews

Remake de um filme alemão de 1933, Victoria Grant (Julie Andrews) é uma cantora lírica desempregada que conhece Carroll Todd (Robert Preston), um cantor homossexual que foi recentemente demitido. Juntos, eles articulam um plano em que ela se faz passar por um homem, Conde Victor Grezhinski, que é um transformista, com o intuito de conseguir um emprego. Mas, o problema aparece quando ela se apaixona por King Marchand (James Garner), um gângster, sendo que caso ela se declare para ele, se assumirá como uma farsa. Foi o 5º dos 7 filmes que Edwards dirigiu sua esposa, Julie Andrews. O projeto já havia começado em 1978, com o nome de Peter Sellers certo para dividir a cena com Julie, mas a morte do ator mudou os planos. O filme foi indicado a sete Oscars e ganhou o Prêmio da Academia de Melhor Trilha Sonora Original.

ASSASSINATO EM HOLLYWOOD (Sunset)

Wyatt Earp (Garner) e Tom Mix (Willis)

Escrito e dirigido por Blake Edwards, o roteiro é baseado em história de Rodney Amateau que imagina um encontro entre o lendário xerife Wyatt Earp (James Garner) e o cowboy do cinema Tom Mix (Bruce Willis) na Hollywood da época do cinema mudo. Ao se tornarem bons amigos, eles vem a investigar juntos o assassinato de uma prostituta do bordel local. O filme recebeu uma nomeação ao Oscar de melhor guarda-roupa, mas ganhou o Framboesa de Ouro de pior realizador/diretor, além de ter sido nomeado na categoria de pior atriz coadjuvante para Mariel Hemingway. Embora Tom Mix e Wyatt Earp fossem amigos na vida real, toda a história do filme é fictícia ou parafraseando Earp “Tudo verdade, exceto por uma mentirinha ou duas“. Para promover a diversão, Edwards era sensacional.

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