Por Leo Banner

Sou capaz de apostar que você que nos honra com sua presença e se dispôs a ler esse texto, seja ou não um conhecedor de Histórias em Quadrinhos, em algum momento e/ou em alguma circunstância, já ouviu falar de NEIL RICHARD MacKINNON GAIMAN (ou simplesmente NEIL GAIMAN), um dos melhores e mais profícuos autores ainda em atividade nos dias de hoje, cuja maior criação para os quadrinhos foi, sem dúvida, SANDMAN, que, finalmente, conseguiu sua adaptação na Netflix com as bençãos e muitos pitacos do próprio Gaiman (que atua na produção executiva da série, felizmente), e tem encantado milhares de espectadores ao redor do mundo! A despeito da diversidade do trabalho de Neil Gaiman e da inegável qualidade de seus vários roteiros para a indústria dos quadrinhos, SANDMAN merece destaque por ter sido a obra que efetivamente elevou as HQs à categoria de “arte”, obtendo inúmeras premiações e reconhecimento mundo afora, sobretudo tendo vencido 3 Eisner Awards (uma espécie de “Oscar” dos quadrinhos) de melhor série. E não é difícil entender a razão de tantas premiações!

Vou tentar não me estender muito para não tornar a leitura deste artigo um tanto enfadonha, porque, creiam-me, há tanto a se falar sobre Sandman que eu poderia ficar aqui falando indefinidamente por dias!🤣🤣
Por essa razão, vou tecer breves considerações acerca da primeira temporada da série (pedindo licença ao Adilson para me imiscuir nessa análise) estabelecendo breves comparações com os quadrinhos que lhe serviram como base! SANDMAN possui ao todo dez arcos de histórias (sem contar séries avulsas), e a primeira temporada traz a adaptação dos dois primeiros, “Prelúdios e Noturnos” e “Casa de Bonecas”! Não obstante as alterações realizadas – que, na minha opinião, não comprometeram em nada a essência da série – me atrevo a dizer sem medo que a adaptação de “Prelúdios e Noturnos” foi uma das melhores que já vi, sendo extremamente fiel e respeitosa à sua base nos quadrinhos, com todos os elementos que tornaram essa obra o fenômeno de crítica e público que a consagraram! Há momentos que já poderiam ser considerados antológicos, como, por exemplo, o duelo de Morpheus no inferno pois, mesmo sendo ligeiramente diferente do retratado nas HQs, funcionou perfeitamente para a estrutura da narrativa e deixou um gancho muito melhor para uma das grandes consequências do que ocorrerá numa eventual segunda temporada na adaptação do arco “Estação das Brumas”! Mas preciso conter a empolgação e me ater aos dois primeiros, que são objeto desta sucinta análise!

Entretanto, como nem tudo são flores, de acordo com o velho brocardo popular, se a adaptação do primeiro arco foi perfeita, o mesmo não se pode dizer de “A Casa de Bonecas”, adaptação do segundo arco que foi “comprimido” em apenas quatro histórias (episódios 7 ao 10), e uso o termo “comprimido” porque se o primeiro arco foi magistralmente adaptado nos seis primeiros episódios, certamente o segundo arco sofreu ao não ter sido adaptado no mesmo número de episódios! É possível perceber uma ligeira queda na qualidade da narrativa e um tom mais apressado na sua condução, sem contar que a “adaptação” para as causas dos pesadelos de Jed Walker, na minha opinião, não funcionaram tão bem desta vez! Acrescente-se a isso o fato de que um dos melhores personagens da trama – o Gilbert – , justamente por conta desses equívocos na condução da história, tem sua brilhante participação extremamente mitigada, e confesso que isso me deixou bastante frustrado!
No entanto, ainda que “Casa de Bonecas” tenha me decepcionado um pouco, vale a pena trazer à baila quatro histórias fechadas nas HQs que foram muito bem adaptados em dois episódios da série (episódios 6 e 11 (sendo esse último o “extra” que foi disponibilizado dias depois da estreia da série)). O episódio 6 da série da Netflix traz a adaptação de “O Som de Suas Asas” e “Homens de Boa Fortuna”, onde na primeira vemos um encontro de Morpheus com sua irmã mais velha (Morte), e a conversa entre os dois é algo simplesmente encantador, uma vez que na obra original, Neil Gaiman consegue transmitir através do encontro dos dois Perpétuos e dos diálogos que a inevitabilidade da morte e a imprevisibilidade dos pesadelos são inerentes a todo e qualquer ser e que ambos (Morte e Morpheus) apenas cumprem as funções para as quais foram criados/designados, entre outros detalhes muito interessantes; já a segunda parte do episódio 6 mostra o desafio que Morte lança a Morpheus no ano de 1399 quando este conhece Hob Gadling, naquela que é, na minha opinião, claro, a melhor história fechada de toda a série!
O episódio 11 (aquele “extra”, lembra?), por fim, traz a adaptação de mais duas histórias originalmente fechadas nas HQs. Em “Sonhos de Mil Gatos” a história foi genialmente conduzida usando um recurso de linguagem que pode ser encarada como sendo “o mundo onírico felino” e que traz em seu texto muitos elementos de reflexão, sobretudo ante à prepotência humana de se achar “superior” às demais formas de vida; e “Caliope”, a segunda parte deste episódio extra, mais uma vez escancara a miséria humana e do que um homem pode ser capaz para alcançar seus objetivos! Esse homem (um escritor), no entanto, não contava que ao vilipendiar uma divindade poderia atrair para si a vingança de um perpétuo, naquela que, na minha opinião, também se configura como uma excelente adaptação de um história fechada das HQs!

Posso dizer que o saldo da primeira temporada de Sandman foi muito positivo, e agora resta torcer pela segunda temporada (cuja realização ainda não havia sido definida até o momento que terminava esse texto) e a adaptação de “Estação das Brumas”, meu arco favorito de toda a saga!
Ante o exposto, posso dizer a vocês que SANDMAN é uma série excelente, e que mesmo padecendo de alguns (poucos)defeitos decorrentes de escolhas criativas duvidosas, é uma série que merece todas as chances, uma vez que nos traz histórias muito bem escritas, uma produção caprichada e alguns temas que certamente nos levam a muitas reflexões sobre vários aspectos da vida e da existência, sem contar que se trata de uma série com uma temática e abordagem bem diferente de boa parte das séries com que estamos acostumados! E, se de repente houver aquele interesse em descobrir mais sobre Morpheus e seus fascinantes domínios oníricos e seus irmãos Perpétuos, leiam as histórias em quadrinhos de Sandman, pois isso certamente enriquecerá sobremaneira sua experiência ao assista série!
Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻
Meu amigo que matéria !!! Cinco estrelas!! Espetacular, como dizem por aqui.. adorei !!! Parabéns!!! Veio em boa hora essa matéria!! Ótima sacada !! 👏🏻👏🏻👏🏻👍🏻👍🏻 !! Forte abraço!!
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