Por Adilson Carvalho

Assim como Tarzan e Zorro, o bárbaro Conan da fictícia era Hiboriana nasceu na literatura, mais precisamente nas páginas da revista “Weird Tales” em 1932, saído da mente criativa de Robert E.Howard que enxergava com um olhar crítico que o chamado mundo civilizado apenas disfarçava a hipocrisia das relações humanas e que o todo o progresso moderno só seduzia o homem para o que é corrupto e vil afastando-o de sua verdadeira natureza. Seu personagem era um guerreiro bravo e vigoroso inserido em um mundo violento em que a magia e o aço de uma espada determinava heróis e vilões, vencedores e perdedores. Ainda que em seus contos, muitos dos adversários de Conan fossem monstros ou feiticeiros era a força bruta e a astúcia de um homem que se sobresairía vencedor. Assim nasceu Conan, o bárbaro, levado às telas há 40 anos com o então desconhecido Arnold Schwarzenegger aos 35 anos.

Ao contrário de J.R.R.Tolkien que para escrever seu “Senhor dos Anéis” fez uma apurada pesquisa para situar sua Terra Média em termos históricos e geográficos, Robert E. Howard apenas escreveu seu personagem como um habitante da imaginária Ciméria, um reino místico e selvagem surgido após a submersão da Atlântida. Logo, o palco montado por Howard oferecia liberdade criativa e possibilidades infinitas que não iriam contradizer qualquer registro histórico. Howard, que constantemente se correspondia com o escritor de histórias sobrenaturais H.P.Lovercraft, dizia que quando escrevia as aventuras de Conan se sentia como se fosse espiritualmente guiado.O fato é que foram ao todo 19 contos e um romance escritos por Howard, sendo que três desses contos foram publicados postumamente. Howard se suicidou aos 30 anos, aparentemente levado a isso por desespero depois de saber que sua mãe nunca acordaria de um estado comatoso.

Robert E. Howard morreu sem nunca ter visto o sucesso estrondoso que seu personagem alcançaria nas décadas seguintes. A partir de Outubro de 1970, o escritor de quadrinhos Roy Thomas adaptou a história de Conan para os quadrinhos quando a editora Marvel o licenciou. Os desenhos de Barry Windsor –Smith e John Buscema transformaram em imagem a obra de Howard para toda uma geração, muitos do quais nem sequer haviam lido os contos originais. O sucesso foi estrondoso e durou cerca de três décadas;. Coube a Roy Thomas a criação de um importante personagem dentro do mundo criado por Howard, a guerreira Sonja inspirada em um personagem menor dos contos originais e que nos quadrinhos da Marvel Comics ganhou grande destaque e até histórias independentes. A popularidade de Conan também levou a Marvel a lançar um segundo título que ganharia nos anos seguintes enorme popularidade entre os fãs “The Savage Sword of Conan” e nos idos de 1978 Thomas & Buscema passariam a escrever também as tiras de jornal. No Brasil Conan chegou pela primeira vez em uma edição da desconhecida M&C Editores chegando a ser rebatizado de “Hartan, O Selvagem” quando a editora Graúna publicou o personagem sem adquirir a permissão legal dos licenciadores da Marvel Comics. Em 1976, a Editora Bloch publicou algumas edições mas o personagem só foi encontrar o sucesso editorial aqui quando a Editora Abril passou a publicá-lo, primeiramente na revista “Heróis da TV” a partir de Julho de 1982 e depois no titulo “A Espada Selvagem de Conan” a partir de Abril de1984. Desde 2003, a Marvel abandonou as HQs de Conan que passaram a ser publicadas nos Estados Unidos pela Dark Horse Comics. No mesmo ano em que o título da Editora Abril “Heróis da TV” começava a publicar as aventuras de Conan, o cimério ganhou sua primeira adaptação para o cinema “Conan The Barbarian” produzido por Dino DeLaurentis e dirigido por John Millus que traduziu em imagens tridimensionais a selvageria e o misticismo das histórias de Robert E.Howard o austríaco Arnold Schwarzenegger no papel que tornou seu nome conhecido. Destaque para o papel do ótimo James Earl Jones que faz o feiticeiro Thulsa Doom – no filme sendo ele o responsável pela morte dos pais de Conan.
Durante as filmagens, o inexperiente Schwarzenegger recebeu dicas de atuação de James Earl Jones e Max Von Sydow, ajudando o ator com seu forte sotaque austríaco. As impressionantes cenas de luta dispensaram dublês com o austríaco e a atriz Sandhal Bergman assumindo a cena. A cena de sexo entre os dois atores foi bastante constrangedora para ambos, segundo relatos posteriores dos atores. Segundo consta, Laurentis não gostou muito do resultado final das filmagens que embora bebesse da fonte original resultou em um filme pesado para o grande público da época. O roteiro de Oliver Stone, no entanto, consegue produzir o efeito necessário de realismo e capta a essência do original de Robert E. Howard. Foi o próprio Stone quem fez Schwarzenegger ler os quadrinhos do personagem. A ideia inicial de Laurentis era fazer mais quatro filmes, mas a bilheteria baixa do filme seguinte “Conan o Destruidor” de 1984, do diretor Richard Fleischer (de “Viagem Fantástica” e “20000 Léguas Submarinas”) não ajudou à concretização dos planos iniciais. O filme de Fleischer de fato tem um tom mais leve com passagens cômicas e menos violência em relação ao filme anterior , o que desagradou os fãs mais radicais do cimério. Schwarzenegger ainda voltaria ao mesmo universo fantástico em 1986 em “Guerreiros de Fogo” – também dirigido por Richard Fleischer – ao lado de Briggite Nielsen (na época esposa de Sylvester Stallone) como a guerreira “Sonja” . Até hoje os fans aguardam um terceiro filme com Arnold, cuja idade seria perfeita para retratar Conan Rei, período muito importante na cronologia do guerreiro Cimério. Quem sabe, ainda um dia será possível?
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