CINEMA DE OUTRORA EXPRESSIONISMO ALEMÃO

Por Mauricio Rocha

A Primeira Guerra Mundial foi cruel. Foi o primeiro conflito bélico da história que envolveu todo o planeta. Enquanto a Europa prosperava no início do século XX, o cinema se tornava cada vez mais popular. Na França, Mélies cada vez mais produzia grandes obras do cinema, entre elas, o célebre Viagem á Lua. Na Itália, os épicos históricos faziam grandes sucessos, entre eles, adaptações da vida de Cristo.

Mas isso, antes da guerra. Do outro lado do Atlântico, mais precisamente, na costa oeste dos Estados Unidos, surgia aos poucos Hollywood. Uma localidade rural aonde cada vez mais ganhava visibilidade por produtores devido á condições climáticas mais favoráveis que em outros lugares do país. Pouco antes da guerra, surgiram as comédias de Mack Sennett e foi aonde Griffith produziu seus épicos O nascimento de uma nação e Intolerância durante a guerra.

Mas a guerra trouxe feridas para o mundo. Mais precisamente, para a Europa. E um dos países, senão o país mais afetado pela guerra, foi a Alemanha. É preciso dizer que este caos que se instaurou na Alemanha após a guerra, foi o que culminou em um dos maiores crimes da história da humanidade. Com tantos grandes nomes do cinema alemão durante o período do Expressionismo, optei por falar de quatro cineastas que escreveram o seu nome eternamente na história do cinema.

OS CINEASTAS

PAUL WEGENER

Paul Wegener nasceu na Prússia Ocidental em 1874 e sem dúvida alguma, foi um dos grandes pioneiros da sétima arte. Poucos o conhecem hoje em dia, mas, uma de suas grandes obras, influenciaria para sempre a sétima arte: trata-se de O Golém, filme baseada em uma lenda judaica da época da inquisição, aonde, uma estátua de barro ganha vida e passa a defender os judeus de seus opressores. Começou sua carreira no cinema em 1912 e em 1913 já ganhou destaque ao dirigir O estudante de Praga. Mas, O Golém é a obra que Wegener é mais lembrado até hoje, já que, ele dirigiu três vezes a história da lenda judaica. Sua versão mais famosa é de 1920. Durante a ocupação nazista, ele dissuadido á trabalhar em filmes propagandas dos nazistas, apesar dele ser um ferrenho anti nazista. Ele morreu em 1948 aos 73 anos em Berlim.

ROBERT WIENE

Robert Wiene é um dos mais importantes cineastas dos primórdios da sétima arte. Foi um dos diretores mais prolíficos da Alemanha na década de 1920. Desde seu começo no cinema em 1912, ele pouco á pouco foi ganhando destaque, até que em 1920, lança um de seus filmes mais conhecidos O gabinete do Dr. Caligari. Uma obra prima do cinema que até hoje influencia muitos cineastas mundo afora. Não é a toa que Tim Burton homenageia a obra de Wiene do expressionismo alemão em Batman de 1989. Uma feliz ou infeliz coincidência, Wiene morreu em 1938 e seu ultimo filme foi terminado por Robert Siodmak, que, dirigiu O Filho de Drácula,

F.W MURNAU

Hoje em dia, talvez, o seu nome seja mais conhecido por terem roubado seu crânio em 2015 de seu túmulo na Alemanha. Mas, F.W Murnau, tinha como admiradores Charles Chaplin e Eisenstein. Sem me alongar muito, Murnau foi o cara que simplesmente levou aos cinemas a primeira adaptação de Drácula em 1922 no filme Nosferatu – A Sinfonia do Horror. Como o filme foi uma adaptação não autorizada de Drácula, teve que ser destruído. Felizmente, sobreviveram copias da obra e até hoje, Nosferatu é um dos filmes mais cultuados de todos os tempos. No final da década de 1920, após fazer grande sucesso na Alemanha, Murnau foi contratado pela FOX onde dirigiu algumas obras. Seu último filme, Tabu, lançado em 1931 é uma obra prima, assim como seu antecessor, Aurora. Murnau morreu em 1931 em um acidente de carro que até hoje, é envolvido em lendas, desde que um feiticeiro lançou um feitiço nele por conta de seu filme Tabu. Fisicamente, Murnau era alto, e, logo os rumores que ele era homossexual se espalharam por Hollywood. Quanto a sua morte, tem também a lenda que dizem que Murnau estava fazendo sexo oral no motorista do carro na hora do fatídico acidente. Enfim, lenda ou não, a realidade é que qualquer que tenha sido o motivo do acidente que ocasionou em sua morte, foi uma perda gigantesca para o cinema.

FRITZ LANG

De todos os nomes desta lista, Fritz Lang é o nome mais conhecido da lista e que teve a carreira mais longeva. Seu filme mais conhecido, aliás, um de seus tantos, é Metrópolis, de 1927. Antes de sua obra-prima, Metrópolis, ele fez na Alemanha na década de 1920 Dr. Mabuse (1922) e Os Nibelungos. Ainda na Alemanha no início do cinema falado, dirigiu o célebre M – O vampiro de Dusseldorf com Peter Lorre no papel de Hans Beckert. Com a subida de Hitler ao poder, Fritz Lang imigrou para os Estados Unidos. Fritz Lang era casado na época com Thea Von Harbou, que era apoiadora e membro do partido Nazista. Joseph Gooebbels convidou o casal para produzir filmes de propaganda nazista. Enquanto Thea aceitou, Fritz fugiu da Alemanha para a França, onde, fez alguns filmes antinazistas. Enquanto isso, ocorreu o divórcio de Fritz Lang e Thea Von Harbou. Fritz Lang então foi para os Estados Unidos, onde, em 1936, fez o clássico Fúria, com Spencer Tracy. Ainda nos EUA, dirigiu filmes como Vive-se somente uma vez, um filme do gênero Noir (aliás, um dos precursores do gênero que seria muito popular nos anos 40) com um jovem Henry Fonda e com Sylvia Sidney estrelando a película. Também dirigiu outros filmes Noir na década de 1940, como, Um retrato de Mulher e Almas Perversas, ambos de 1945. No final dos anos 50, dirigiu Sepulcro Indiano e o Tigre de Bengala, ambos de 1959 e com Debra Paget (atriz que contracenou com Elvis Presley em Love me tender). Seu último filme foi Os Mil Olhos de Dr. Mabuse (1961). Ainda na década de 1960, participou de um filme de Jean Luc-Godard, Desprezo (1963). Aos 85 anos, Fritz Lang morreu em 3 de agosto de 1976 deixando uma bela obra cinematográfica.

Se gostou do texto, o texto não acaba aqui. Saiba que estão disponíveis no Youtube muitos filme do Expressionismo Alemão. 

Um comentário

Deixar mensagem para adcarrega Cancelar resposta