Por Adilson Carvalho

“Loucura. É a única palavra para descrever isso”. No final dos anos 80, essa frase ecoava pelos aparelhos de Tv todos os sábados, quando entrava no ar pela saudosa TV Manchete, o programa Cinemania, apresentado pelo crítico de cinema Wilson Cunha e sua assistente Tânia Rodrigues. Talvez seja difícil para a atual geração entender a importância de um programa de TV sobre cinema, mas estou falando de uma época em que não existia internet nem streaming. O Cinemania trazia as estreias nas salas de cinema, celebrava os grandes clássicos e atendia por carta aos pedidos dos fãs que escolhiam suas sequências favoritas de filmes famosos. Wilson Cunha usava o formato de revista eletrônica, mas conduzia o programa como um bate papo informal e agradável. Cunha revelou em entrevista, tempos depois, que o programa nasceu casualmente quando ele estava na redação da revista Manchete, e o diretor-superintendente da Rede Manchete de Televisão, Pedro Jack Kapeller, apareceu em sua mesa e perguntou se não queria dirigir o Departamento de Cinema da TV Manchete que estava sendo implementado.

O Cinemania estreou em 18 de junho e 1988 às 13 horas, e não demorou para emplacar uma altíssima audiência em plena hora do almoço. Durante uma hora de programa muitos viram pela primeira vez trailers, entrevistas e bastidores de “Batman”, “Dança com Lobos”, “Indiana Jones & A Última Cruzada“, “Ghost”, “Exterminador do Futuro 2”, .”Olha Quem Está Falando“, e outros que hoje são inegáveis clássicos da época. O programa também exaltava as produções nacionais e as aproximava do público como por exemplo aconteceu com Dedé Mamata, A Dama do Cine Shanghai, Dias Melhores Virão, etc..

Em 1991, o programa passou para o horário das 16h30 e, no mesmo ano ganhou uma segunda edição entitulada “Cinemania 2: Mais Forte Ainda”, exibida nas madrugadas de segunda para terça-feira, e com conteúdo mais adulto, incluindo cenas de filmes eróticos. Essa segunda edição seria criticada e atraindo até a atenção do governo brasileiro através de uma deputada que acusou o programa de ser um dos culpados da violência na TV. Em 1993 a segunda edição foi extinta, e pouco tempo depois o programa vespertino de sábado também quando Wilson Cunha foi contratado pela Globosat. Deixou sua marca na memória e as saudades de um período em que a TV aberta trazia uma programação cultural mais diversificada. Incrível como hoje com o avanço do streaming e maior proximidade entre os lançamentos de filmes internacionalmente não exista um programa como o Cinemania nem na TV aberta, nem na TV por assinatura ou no streaming. DE fato, uma loucura !!!