Uma crítica à mídia e à sociedade americana encerrando o ciclo de matérias do grande diretor.

Marcelo Kricheldorf

A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole) é um filme de 1951 dirigido por Billy Wilder que apresenta uma crítica mordaz à mídia e à sociedade americana da época. O filme conta a história de Chuck Tatum (Kirk Douglas), um repórter que se vê preso em uma pequena cidade do Novo México enquanto cobre uma história sobre um homem que ficou preso em uma caverna. O filme apresenta uma crítica contundente à mídia e ao seu papel na sociedade. Chuck Tatum é um repórter que está disposto a fazer qualquer coisa para obter uma história e se tornar famoso. Ele manipula a situação do homem preso na caverna para criar uma história sensacionalista e atrair a atenção do público. A mídia é apresentada como uma força que pode manipular a opinião pública e criar sensacionalismo, muitas vezes em detrimento da verdade e da compaixão.
A ambição e a corrupção são temas centrais no filme. Chuck Tatum é um personagem que está disposto a fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos, incluindo manipular a situação do homem preso na caverna e explorar a tragédia para fins de entretenimento. A ambição e a corrupção são apresentadas como forças destrutivas que podem levar as pessoas a cometer atos imorais e prejudiciais. O filme apresenta uma crítica à exploração da tragédia e do sofrimento humano para fins de entretenimento. A situação do homem preso na caverna é usada como uma oportunidade para Chuck Tatum se promover e se tornar famoso, em vez de ser tratada com compaixão e respeito. A exploração da tragédia é apresentada como uma forma de voyeurismo, onde as pessoas se deleitam com o sofrimento dos outros para se sentir melhor sobre si mesmas.
O filme apresenta uma visão pessimista da natureza humana, mostrando como as pessoas podem ser egoístas e manipuladoras. Chuck Tatum é um exemplo de como as pessoas podem ser capazes de fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos, mesmo que isso signifique prejudicar os outros. A natureza humana é apresentada como uma força complexa e multifacetada, capaz de grande bondade e grande maldade. O filme critica a sociedade americana da época, incluindo a obsessão com o sensacionalismo e a falta de compaixão. A sociedade é apresentada como uma força que valoriza a fama e o sucesso acima de tudo, mesmo que isso signifique sacrificar a verdade e a moralidade. A crítica à sociedade americana é uma das principais mensagens do filme.
O filme apresenta uma crítica ao papel do jornalismo na sociedade. Chuck Tatum é um exemplo de como os jornalistas podem manipular a informação e criar sensacionalismo para atrair a atenção do público. O jornalismo é apresentado como uma força que pode influenciar a opinião pública e criar uma realidade distorcida. A direção de Billy Wilder é fundamental para o sucesso do filme. Wilder usa a cinematografia e a edição para criar uma atmosfera tensa e crítica, que reflete a natureza sombria e crítica do filme. A direção de Wilder é uma das principais razões pelas quais o filme é considerado um clássico do cinema.
O personagem de Chuck Tatum é um exemplo de um anti-herói, um personagem que não é necessariamente simpático ou admirável. Chuck Tatum é um personagem complexo e multifacetado, que é capaz de grande manipulação e egoísmo. O personagem de Chuck Tatum é uma das principais razões pelas quais o filme é tão eficaz em sua crítica à mídia e à sociedade americana. A trilha sonora do filme é simples e eficaz, contribuindo para a atmosfera tensa e crítica do filme. A música é usada para criar uma sensação de tensão e ansiedade, que reflete a natureza sombria e crítica do filme. A Montanha dos Sete Abutres é um filme que continua a ser relevante hoje em dia, graças à sua crítica mordaz à mídia e à sociedade americana. O filme é considerado um clássico do cinema e continua a ser estudado e analisado por críticos e acadêmicos. O legado do filme é uma testemunha da sua importância e relevância, e continua a influenciar a forma como pensamos sobre a mídia e a sociedade.

Ficha Técnica

• Título: Ace in the Hole
• Título Alternativo: The Big Carnival
• Direção: Billy Wilder
• Roteiro: Billy Wilder, Lesser Samuels e Walter Newman
• Produção: Billy Wilder
• Música: Hugo Friedhofer
• Cinematografia: Charles Lang
• Edição: Arthur P. Schmidt
• Gênero: Drama, Thriller
• Duração: 111 minutos
• Lançamento: 29 de julho de 1951 (EUA)
• Estúdio: Paramount Pictures
• Elenco:
• Kirk Douglas (Chuck Tatum)
• Jan Sterling (Lorraine Minosa)
• Porter Hall (Jacob Q. Boot)
• Richard Benedict (Herbie Cook)
• Ray Teal (Smiler)
• Prêmios e Indicações:
• Indicado ao Prêmio da Academia de Melhor Roteiro Original (1952)
• Indicado ao Prêmio Globo de Ouro de Melhor Ator em Filme Dramático (Kirk Douglas, 1952)

Em Julho no CinemaComPoesia vamos iniciar dois ciclos de matérias em homenagem a esses dois gigantes das telas: Sylvester Stallone e Robin Williams.