Por Adilson Carvalho
Até a data de estreia do filme de James Gunn vamos rever o homem de aço nas telas.

Eu tinha 9 anos quando Superman – O Filme chegou aos cinemas de minha cidade. Imagine o impacto para a minha mente inocente ver Christopher Reeve voando com o tema de John Williams ao fundo. Era como se por mágica o personagem das hqs saísse do mundo de tinta e papel para o mundo real, comemorando 40 anos de sua criação saída da mente de Jerry Siegel e Joe Shuster. Na época a escalação de elenco da Warner pensou em nomes como Paul Newman, Burt Reynolds, James Caan, Robert Redford, Warren Beatty e até Patrick Wayne. Quis o destino que o papel duplo de Clark Kent e Kal – El ficasse o novato Christopher Reeve então com 24 anos. O ator teve que se adequar a um rígido treinamento para aumentar sua massa corporal, sendo preparado pelo britânico David Prowse, o ator que vestia a armadura de Darth Vader em Star Wars.

O próprio Reeve revelou mais tarde que se inspirou em Cary Grant no clássico Levada da Breca (1939) como modelo para sua atenção como o desajeitado Clark Kent. Sua expressão corporal muda na transição do homem para o super homem, criando uma perfeita dualidade que vai além do óculos e do chapéu. Chris recebeu cerca de $250.000 pelo papel que o lançou ao estrelato. O elenco estelar incluía Marlon Brando como Jor El (recebendo uma quantia recorde de $3.7 milhões para o papel de pai biológico do Superman), Glenn Ford (do clássico Gilda) como Jonathan Kent, o pai adotivo do herói e Gene Hackman como o vilão Lex Luthor, papel que chegou a ser oferecido a Jack Nicholson (Chinatown) e Gene Wilder ( A Fantástica Fábrica de Chocolate). O orçamento total de mais de $55.000.000, um recorde na época, foi investido em um primoroso roteiro escrito inicialmente por Mario Puzo (de O Poderoso Chefão) e reescrito depois por Robert Newman, Leslie Newman & David Newman, com cenas impactantes como o Superman segurando um helicóptero em plena queda ao salvar Lois Lane (Margot Kidder), o vôo romântico à noite embalado pela belíssima trilha sonora de John Williams e o terremoto ao final do filme quando o Superman mergulha na falha de San Andreas para salvar toda a Califórnia e que seria originalmente o final do primeiro filme que terminaria com o herói atirando o míssil nuclear no espaço que serviria de gancho para o segundo filme, já que assim inadvertidamente, o herói liberta o General Zod (Terence Stamp) da Zona Fantasma.

Na forma como foi concebido originalmente por Richard Donner, a cena em que o Superman faz a Terra girar ao contrário seria o desfecho do segundo filme, para fazer a abelhuda Lois esquecer sua identidade secreta. Contudo, desentendimentos entre Donner e os irmãos Salkind causaram a demissão do diretor e a montagem do filme à sua revelia. De forma que Donner não recebesse os créditos por Superman II, Richard Lester foi contratado e várias sequências foram refilmadas até a versão que chegou aos cinemas em 1980. Marlon Brando processou os Salkind por não recebimento da porcentagem na bilheteria que lhe cabia no contrato e se recusou a voltar a filmar. Gene Hackman também não voltou em solidariedade a Donner e todas suas cenas pertencem ao material iniciado por Donner. Apesar de tudo, Superman II foi um grande sucesso com cenas que traduzem com perfeição o universo das HQs do herói. Na história, Superman enfrenta o General Zod e seus asseclas Ursa (Sarah Douglas) e Nom (Jack O’Hoolhan).

A versão original de Donner só seria recentemente conhecida ao ser lançada em Blu Ray e trata-se de um filme ainda superior ao que foi visto nas telas na época. O filme continua sendo uma das melhores adaptações dos quadrinhos para as telas, e o melhor filme do último filho de Krypton. Plateias se impactaram com o efeito do vôo do herói, de impressionante realismo para um era pré CGI, feito com uso de cabos e plataformas suspensas além de back projection para simular, por exemplo, o vôo romântico com Lois (Margot Kidder) ao som da trilha incidental de John Williams e a voz da repórter narrando “Você pode ler meus pensamentos?” São momentos como esse, de puro lirismo mesclado ao perfeito equilíbrio de ação e humor até que fazem com que mesmo passados 46 anos ainda acreditemos que o homem pode voar, que ele pode pertencer aos céus e descer à terra com a missão messiânica de nós salvar de nós mesmos. Por tudo isso, obrigado Christopher Reeve, obrigado meu herói!
Aguardem o próximo artigo sobre Superman II.
parabéns pelo artigo
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Belo texto, com vários detalhes e bastidores que eu desconhecia
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