Por Adilson Carvalho

Um grito no chuveiro se faz ecoar até hoje, e embora marcante eclipsa outros desempenhos memoráveis desta formidável atriz premiada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e indicada ao Oscar pelo mesmo papel, de Marion Crane no clássico Hitchcokiano Psicose (1960). Hoje também lembrada como a mãe de Jamie Lee Curtis, faria 98 anos hoje. Comemoremos a vida e carreira de Janet Leigh (1927 / 2004).

Janet era filha única e começou a mudar de casa muito cedo com os seus pais. Inteligente e afoita, salta vários anos na escola e acaba o secundário com apenas quinze anos. Um pouco solitária, passava a maior parte do seu tempo no cinema. Depois de se mudar para Stockton, na California, foi estudar música e psicologia na Universidade do Pacífico. Descoberta pela atriz Norma Shearer (19902 / 1983), a partir de uma foto na mesa do pai de Janet. Logo garantiu um contrato com a Metro-Goldwyn-Mayer e fez sua estreia no cinema já com um papel de protagonista em O Romance of Rosy Ridge de 1947. Integrou o elenco de Quatro Destinos (Little Women) em 1949 trabalhando ao lado de Elizabeth Taylor e June Allyson, adaptação do clássico romance de Louisa May Alcott. Esteve belíssima em Scaramouche (1952) como Aline De Gravillac dividindo a cena com Stewart Granger, Eleanor Parker e Mel Ferrer. Foi durante uma festa em Hollywood em 1949 que foi apresentada a Tony Curtis. A atriz já havia se casado duas vezes e compôs com Tony (Ele com 26 e ela com 24) um dos casais mais assediados pelos papparazzis ao longo dos 11 anos em que o casamento durou e dele nasceram duas filhas, Kelly Curtis, nascida em 17 de junho de 1956 e Jamie Lee Curtis, em 22 de novembro de 1958. Os dois ainda estrelariam juntos cinco filmes Houdini – O Homem Milagroso (1953), O Escudo Negro de Falworth (1954), Os Vikings (1958), De Folga Para Amar (1958) e Quem Era Aquela Garota ? (1960).

A atriz teve um ótimo desempenho em A Marca da Maldade (1958) de Orson Wells, contracenando com este e com Charlton Heston, com o braço quebrado. Seu braço estava engessado quando ela apareceu para a produção, então tiraram o braço do gesso e usaram todos os truques possíveis para escondê-lo. Contudo, foi em Psicose (1960) que interpretou o papel pelo qual ficaria marcada a vida toda. O filme de Alfred Hitchcock (1899 / 1980) era uma adaptação de um livro de Robert Bloch, que por sua vez se baseava nas atrocidades do famoso psicopata Ed Gein. A cena de sua morte no chuveiro foi tão impactante que Janet nunca mais quis tomar duchas e tomar banho de imersão de porta aberta. Por esta interpretação a atriz recebeu a única nomeação para o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Em Sob o Domínio do Mal (The Manchurian Candidate) de John Frankenheimer, contracenaria com Frank Sinatra, Laurence Harvey e Angela Lansbury. A história, lançada um ano antes da morte do Presidente Kennedy, ganhou ares de uma obra de ação profética, pois lidava com a lavagem cerebral por parte do exército chinês de soldados americanos para que assassinassem o candidato presidencial americano.

Janet teve algumas passagens pela TV entre a segunda metade dos anos 60 e a década de 70 como nas séries O Agente da UNCLE (1966), O Homem de Virgínia (1970) , Columbo (1975) e A Ilha da Fantasia (1982). Por duas vezes trabalhou com a filha Jamie Lee Curtis em A Bruma Assassina (The Fog), de John Carpenter, já de 1980, e mais tarde em Halloween 20 Anos Depois (H20: 20 years later) de Steve Miner, que retoma a carnificina de Michael Myers duas décadas depois. Tendo reduzido sua participação em filmes ao longo das décadas de 2000, a atriz morreu em sua casa em Beverly Hills em 3 de outubro de 2004, aos 77 anos, após uma longa batalha contra a vasculite. Sua morte surpreendeu a muitos, pois ela não havia revelado sua doença ao público. Em 2012, Janet Leigh foi vivida por Scarlet Johansson no filme Hitchcock, uma boa homenagem a um dos grandes clássicos do cinema e ao talento de Janet Leigh.